“Lá vem o Chaves, Chaves, Chaves/ Todos atentos olhando pra TV...” A trilha sonora do seriado Chaves (“El Chavo Del Ocho”, no original mexicano) bem que poderia ser a música tema da nova TV do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Só que, neste caso, não se trata de “uma historinha bem gostosa de se ver”...
Desde a 0h20 de ontem, segunda 28/05, começou a funcionar a TVes, Fundação Televisora Venezuelana Social, no lugar da Radio Caracas Television, a rede de televisão mais antiga e de maior audiência do país, por ordem do governo chavista, que não renovou a concessão de freqüência estatal da RCTV.
Chávez a acusa de “golpista”, alegando que durante o golpe civil que o depôs em 2002 a RCTV não noticiou as manifestações que pediam a volta do presidente. A decisão de fechar um órgão de comunicação por fazer oposição ao governo gerou protestos nas ruas da capital Caracas, e repercutiu em todo mundo – até o líder da União Européia, Durão Barroso, pronunciou-se a respeito: “trata-se de um passo atrás”.
A imprensa da América Latina se solidarizou c/ a RC e inúmeros jornais dedicaram editoriais condenando o episódio. O uruguaio El País chamou o ato de “neototalitarismo”, o panamenho La Prensa afirmou que Chávez está se tornando “um autocrata” e o paraguaio ABC Color estampou a manchete “Chávez mata a liberdade na Venezuela”. O Jornal do Brasil lamentou que “as democracias estáveis na região, o Brasil incluído, foram incapazes de impedir mais uma perigosa demonstração de desprezo à liberdade”. O presidente Lula tirou o dele da reta: “É um problema da Venezuela”, disse ele hoje durante um almoço c/ um representante do partido comunista do Vietnã. Traduzindo: “Eles que se fodam, eu é que não vou me indispor c/ meu amigo Hugo”. Nós já perdemos a Petrobras na Bolívia e agora abrimos este precedente. De que Lula tem medo?
“EL PODER QUE EL PUEBLO ME DIO”
O tenente-coronel Hugo Chávez surgiu na cena política ao protagonizar o golpe militar que tentou derrubar o presidente Carlos Pérez, em 1992. Após passar dois anos preso, foi libertado graças a uma anistia do presidente seguinte, Rafael Caldera.
Em 1998 é eleito presidente “num clima político marcado pela corrupção” (Wikipedia). Seu primeiro ato foi convocar uma Assembléia p/ elaborar uma nova Constituição, a “Quinta República”, que atribuiu mais poderes à Presidência, permitiu uma maior intervenção do Estado na economia, eliminou o Senado e reconheceu os direitos culturais e lingüísticos das comunidades indígenas. Foi reeleito em 2000 e criou a Ley Habilitante, que lhe permitia governar por decreto durante um ano, período em que promulgou 49 decretos, entre eles a Lei de Hidrocarbonetos, que fixou a participação do Estado no setor petrolífero em 51%.
Em 2002, demitiu os gestores da companhia estatal Petróleos da Venezuela e os substituiu por testas-de-ferro, o que gerou uma greve geral no país que deixou 15 pessoas mortas e culminou c/ a sua deposição do cargo. Mas o novo governo não era muito melhor, dissolvendo a Assembléia e os poderes judiciais, o que abriu espaço p/ a volta de Chávez, que ainda se reelegeria p/ seu 3º mandato em 2006. Vale frisar que ele foi o único candidato a concorrer ao cargo - a oposição retirou sua candidatura em protesto ao regime.
No início deste ano, Hugo Chávez ganhou do Congresso plenos poderes p/ governar por 18 meses através de decretos-lei em 11 áreas da Venezuela. O fechamento da RCTV é conseqüência dessa decisão parlamentar e da sanha de vingança e sede de poder de “Huguito”. O diretor-geral da extinta emissora, Marcel Granier, enviou uma carta pessoal ao presidente em que dizia que estava em suas mãos confirmar sua posição de “líder de uma nova esquerda latino-americana” ou tornar-se mais um ditador. A escolha foi feita.
“Essa é uma decisão política de um governo extremamente intolerante”, afirmou Granier. “O governo da Venezuela tem conflitos c/ os sindicatos, c/ as empresas, c/ a imprensa, c/ os Estados Unidos, c/ a Igreja e até c/ a Rede Globo. O presidente não aceita nenhuma opinião diferente da dele. Não há diálogo c/ ninguém, essa é a sua maneira de governar.”
QUINTA REPÚBLICA, 3º MUNDO
Chávez gosta de chamar a atenção, talvez por isso queira uma emissora de TV só p/ ele. Apadrinhado pelo ditador morto-vivo Fidel Castro, não é de estranhar que a única manifestação de apoio por parte da imprensa tenha vindo do jornal Granma, do Partido Comunista de Cuba:
“Milhares de venezuelanos lotaram as ruas de Caracas p/ saudar o nascimento da TVes e a saída do ar da RCTV, incitadora do golpe de Estado de abril de 2002 e da greve petrolífera que causou graves estragos à economia do país”, afirmou ontem em artigo.
O que o Granma não disse é que a Venezuela sofre c/ uma inflação altíssima que anula o crescimento do PIB e empobrece a população. Medidas de fixação de preço só pioraram as coisas, gerando escassez de produtos e o surgimento de um mercado negro. O presidente acusa os próprios produtores pelos prejuízos, a despeito do consenso de que medidas extremas como congelamento de preços só levam a desastres econômicos.
Karl Marx dizia que "a história se repete como farsa". Ao contrário do ator Roberto Gómez Bolaños, criador do personagem infantil, o Chávez da Venezuela é um tremendo canastrão e não tem nada de inofensivo.
Fã e confidente de Fidel, já chamou Bush de “diablo” em plena ONU, mas tem a sua maior fonte de renda no petróleo que vende aos EUA, maior importador da Venezuela (enquanto Cuba sofre c/ embargos econômicos). Esperto, o pendejo. No entanto, a pobreza crônica e o desemprego continuam marcando fortemente a economia venezuelana.

Chávez a acusa de “golpista”, alegando que durante o golpe civil que o depôs em 2002 a RCTV não noticiou as manifestações que pediam a volta do presidente. A decisão de fechar um órgão de comunicação por fazer oposição ao governo gerou protestos nas ruas da capital Caracas, e repercutiu em todo mundo – até o líder da União Européia, Durão Barroso, pronunciou-se a respeito: “trata-se de um passo atrás”.

“EL PODER QUE EL PUEBLO ME DIO”
O tenente-coronel Hugo Chávez surgiu na cena política ao protagonizar o golpe militar que tentou derrubar o presidente Carlos Pérez, em 1992. Após passar dois anos preso, foi libertado graças a uma anistia do presidente seguinte, Rafael Caldera.


No início deste ano, Hugo Chávez ganhou do Congresso plenos poderes p/ governar por 18 meses através de decretos-lei em 11 áreas da Venezuela. O fechamento da RCTV é conseqüência dessa decisão parlamentar e da sanha de vingança e sede de poder de “Huguito”. O diretor-geral da extinta emissora, Marcel Granier, enviou uma carta pessoal ao presidente em que dizia que estava em suas mãos confirmar sua posição de “líder de uma nova esquerda latino-americana” ou tornar-se mais um ditador. A escolha foi feita.

QUINTA REPÚBLICA, 3º MUNDO
Chávez gosta de chamar a atenção, talvez por isso queira uma emissora de TV só p/ ele. Apadrinhado pelo ditador morto-vivo Fidel Castro, não é de estranhar que a única manifestação de apoio por parte da imprensa tenha vindo do jornal Granma, do Partido Comunista de Cuba:

O que o Granma não disse é que a Venezuela sofre c/ uma inflação altíssima que anula o crescimento do PIB e empobrece a população. Medidas de fixação de preço só pioraram as coisas, gerando escassez de produtos e o surgimento de um mercado negro. O presidente acusa os próprios produtores pelos prejuízos, a despeito do consenso de que medidas extremas como congelamento de preços só levam a desastres econômicos.
Karl Marx dizia que "a história se repete como farsa". Ao contrário do ator Roberto Gómez Bolaños, criador do personagem infantil, o Chávez da Venezuela é um tremendo canastrão e não tem nada de inofensivo.

Os protestos em Caracas continuam, e mesmo c/ toda a comunidade internacional condenando sua última peripécia, ele ainda consegue fazer seguidores. Os presidentes Evo Morales, da Bolívia, e Rafael Correa, do Equador, já pensam em fechar canais de TV locais que fazem oposição aos seus governos. Sem querer querendo, Hugo Chávez vai fazendo estragos. Nem precisou fazer a opção levantada pelo jornalista Granier, da RCTV – ele É o líder da nova esquerda latino-americana, e também um ditador.
