Abril Pro Rock 20 anos. O
festival que surgiu junto c/ o manguebeat e alavancou a carreira de Chico
Science é hoje um dos maiores do país, oferecendo 3 dias de música e atrações
internacionais aos recifenses – e quem mais tiver disposição de se jogar na
Manguetown.
Estive em 5 das 20 edições, de
1997 a 2001, sempre cobrindo o evento p/ a revista Rock Press [que
virou portal na internet]. Vi Seu Jorge na Farioca Carioca, Otto estreando carreira solo, Marcelo Camelo distribuindo fitas demo, Tom
Zé rasgando nota de dólar, as
primeiras bandas gringas a tocar lá, como o Dead Fuckin’ Last da Califórnia, e peças-raras como Júpiter Maçã, Wander Wildner e Textículos de Mary
– alguém lembra dessas bichas do inferno?
Esta foto em que apareço no metrô
ao lado dos DJs Patrick Tor4 e Eduardo Montezuma foi feita na minha última
viagem a Hellcife, quando vi Jon Spencer Blues Explosion e Asian Dub
Foundation. E não, eu não ando por aí c/ DJs, os caras foram no mesmo ônibus que eu. Nos últimos 10 anos, bandas clássicas do rock pesado
apresentaram-se no APR, como Motörhead, Misfits e Suicidal Tendencies. Mas nesse quesito nenhuma edição do Abril Pro Rock superou a 20ª, realizada no último fim-de-semana.
A primeira noite foi ‘sold-out’
c/ a venda de 15.000 ingressos p/ a volta dos Los Hermanos. Mas foi no sábado
que o bicho pegou no Chevrolet Hall. Podia não estar tão lotado mas 7.000 camisas
pretas são capazes de fazer um bom estrago, e não deu outra na noite em que
tocaram Test, Leptospirose, Ratos de Porão, e as estrangeiras Cripple Bastards
da Itália, Exodus dos EUA e Brujeria do México.
Eu não fui, mas Sergipe
compareceu em peso, apesar de nenhuma banda local estar escalada – o que já
aconteceu em outros anos c/ a Lacertae [96] e a Plástico Lunar [2009]. Entre
anônimos e ilustres, estavam lá os fotógrafos Marcelinho Hora e Victor Balde do Snapic,
os punks Sílvio Campos da Karne Krua, Dani Rodrigues e Ivo
Delmondes da Renegades of Punk, e o radialista Adelvan Kenobi do Programa de
Rock, que todo ano bate ponto.
“Como van ustedes cabrones locos
de Brasil?”, perguntou o Brujeria. “Estavam todos usando máscaras”, conta
Adelvan em seu blog, “com exceção de Pinche Peache, o gnomo mexicano que é a
cara pública do Brujeria, segundo o próprio Brujo, um dos vocalistas – que estavam
mais pra MCs do capeta.” Guitarras no último volume, baixo distorcido no talo,
rodas de pogo beligerantes, “e muita maconha & satanismo”, completa Dani da
Renegades, sobre a noite mais pesada nos 20 anos de Abril Pro Rock.
Bem melhor que o malfadado Metal
Open Air, pseudofestival que ocorreria no Maranhão no mesmo fim de semana e
que teve apenas uma das 3 noites anunciadas, deixando milhares de metaleiros na
mão. “Se não fosse por minha equipe, especificamente, nem o show de sexta teria
acontecido”, explanou um indignado Dave Mustaine, que tocou na raça c/ o seu
Megadeth. “Queiram fazer cobertores de seda com pele de porco.”
Ponto p/ Paulo André, produtor do
APR, que nunca deu falha c/ as bandas que prestigiam seu festival. Domingo as
atrações gringas foram Antibalas e Nada Surf dos EUA, e Buraka Som Sistema de
Portugal – mas na mesma noite um tal de Paul PcCartney se apresentava no
estádio do Arruda, ali pertinho. “Povo arretado!”, mandou o Macca.
APR20 por Adelvan Kenobi
“Em 'La Migra' o Brujeria chama o Gordo do Ratos ao palco. Antológico.
Se dizem anticomunistas, chegando a sentenciar que 'comunismo/
satanismo/PRI es lo mismo' – o PRI é o Partido Revolucionário
Institucional, 'cria' da mesma revolução mexicana liderada por
Zapata e que esteve no poder por décadas no México.”
“Cerca de 7.000 'rockeros locos' (como diria o pessoal do Brujeria)
compareceram para conferir aquela que foi, provavelmente, a
noite mais pesada e ensandecida de toda a história do evento.”
“O publico acompanhou de perto a insanidade produzida no palco,
o que eu pude comprovar pessoalmente ao atravessar uma roda
de pogo e ser esmagado contra uma parede humana.”
“Test, uma dupla jazzy/grind de São Paulo que ficou célebre por
tocar na rua na porta de shows de bandas como DRI e Slayer,
tocou no chão. Ficou difícil de ver, mas deu pra curtir – e muito!”